As terapias complementares estão cada vez mais ganhando espaço na Odontologia mineira. Regulamentadas pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) em 2008, por meio da Resolução CFO-82/2008, que reconhece e normatiza o uso pelo cirurgião-dentista de práticas integrativas e complementares à saúde bucal – o uso da acupuntura, fitoterapia, terapia floral,hipnose, homeopatia e laserterapia vem conquistando os profissionais e também seus pacientes.
Especialistas explicam que enquanto a Odontologia, com recursos tecnológicos eficazes, combate os sintomas apresentados no sistema estomatognático, as práticas integrativas e complementares à saúde bucal reconhecem as causas desses sintomas.
Os problemas são distintos e cada área possui uma finalidade.
A acupuntura é muito utilizada na Odontologia para controlar a dor, aumentar a função imunológica, reduzir o estresse, a ansiedade e a necessidade de analgésicos e antiinflamatórios. A técnica melhora a reparação tecidual, é aplicada em casos de bruxismo, náusea, paralisia facial e gengivite descamativa, dentre outros problemas. E ainda contribui para prevenção e cura das patologias dos sistemas músculo-esquelético, respiratório, neurológico e digestório.
Já a hipnose pode ser utilizada para tratar distúrbios de ansiedade, estresse, fobias, síndromes pós-traumáticas, analgesia e também no preparo para exames invasivos e durante sua realização, bem como no preparo pré-operatório.
No caso da homeopatia, a atuação é nas afecções orais, no pré ou pós-operatório, além de agir no combater a ansiedade e fobias, tornando o tratamento odontológico mais humanizado e sem efeitos colaterais.
A terapia floral consiste no uso de essências florais como método de tratamento que foca a atenção no indivíduo e não na doença. Contribui para a redução da dor e irritabilidade, auxilia na diminuição da saliva e do sangramento. Ainda controla o agravo de doenças migratórias como o herpes labial e outras doenças como bruxismo e halitose.
Por meio do uso de plantas medicinais, a fitoterapia pode trazer benefícios ao controle de formação do biofilme dental e tratamento de afecções bucais. A prática também tem a vantagem de ter baixo custo e grande efetividade.
Vale ressaltar ainda o uso da laserterapia na Odontologia – tema já abordado anteriormente pelo Correio ABO. O tratamento com uso do laser pode reduzir a dor do paciente, acelerar a cicatrização e prevenir futuros problemas na cavidade bucal.
O laser pode ser utilizado em reparação tecidual, diminuição de edemas e também para reduzir o desconforto do paciente durante a aplicação de anestesia.
Acupuntura
Para disseminar as terapias complementares, sobretudo a acupuntura e a homeopatia, a ABO-MG criou entre os anos de 1998 e 2000 os departamentos de ambas as especialidades. Coordenado pela dra. Maria Celeste, o Departamento de Acupuntura foi desenvolvido, inicialmente, para divulgar a Medicina Tradicional Chinesa entre os profissionais.
“Iniciamos fazendo palestras, convocando os dentistas e já pensando em preparar um curso. Naquela época, a acupuntura carecia de credibilidade. Tivemos várias participações em muitos congressos e seminários. Eu já usava a técnica no meu consultório, onde passei a divulgá-la”, lembra. Na época, o tratamento por meio da acupuntura ainda não era reconhecido pelo CFO. No entanto, dra. Maria Celeste não desistiu e continuou estudando, pesquisando e fazendo cursos no mercado internacional como em Beijing (China) e Cuba, e também no Brasil, em São Paulo e Rio de Janeiro, onde a área já era mais avançada. Ela ressalta que a acupuntura é considerada uma terapia integrativa que trata o doente e não a doença, e deve ser aplicada respeitando o aspecto global do paciente. “A área tem a finalidade de equilibrar a energia vital que atua sobre o corpo do indivíduo. Ao fazer o tratamento, é preciso levar em conta a alimentação, as condições psicológicas, emocionais e o ambiente onde o paciente vive. A Odontologia não abrange somente o tratamento de dente, mas é uma área de saúde que engloba todo o organismo”, explica.
De acordo com dra. Maria Celeste, a acupuntura pode aliviar as fortes dores provenientes de alguns tratamentos odontológicos, melhorar a reparação tecidual e contribuir para casos de bruxismo. A especialidade também ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade, e tem resultados que superam as expectativas.
Historicamente, a acupuntura chegou ao Brasil em 1810, trazida pelos imigrantes chineses que aportaram, inicialmente, no Rio de Janeiro com o objetivo de cultivar a lavoura de chá e trazendo com eles a técnica das “agulhas da Medicina Chinesa”. A prática foi se tornando mais popular até 1975, quando muitos se interessavam em aprender a técnica, porém sem nenhuma formação acadêmica na área de saúde.
“Agora, a acupuntura é uma área reconhecida e exige conhecimento dos profissionais, que precisam respeitar as áreas vascularizadas para evitar acidentes e traumas perigosos à saúde. Podemos considerá-la uma técnica nova no Brasil, por ter sido regulamentada pelo CFO somente em 2008. Com isso, passamos a ter mais garantias para defender nossos direitos e praticá-la. Podemos divulgá-la e exigir respeito para a nossa classe”, afirma dra. Maria Celeste.
Atualmente, de acordo com ela, os pacientes aprovam e solicitam a acupuntura nos tratamentos odontológicos, principalmente por já terem confiança na técnica. Diante desse cenário, a oferta de cursos na área, em Belo Horizonte, também cresceu consideravelmente.
Homeopatia
A ABO-MG também aposta na homeopatia aplicada à Odontologia.Tanto que o departamento da área na entidade foi criado há 15 anos e é hoje coordenado pela dra. Luciana Breder. Segundo ela, o desenvolvimento do setor teve o objetivo de divulgar o conhecimento científico homeopático para a classe odontológica, devido ao grande interesse que os profissionais vinham manifestando pelo tema.
Com a regulamentação, em 2008, a homeopatia na Odontologia ganhou força. Isso porque, conforme a especialista, “ao usar uma substância capaz de produzir efeitos parecidos com os sintomas que o paciente apresenta, induz uma reação do sistema de defesa do organismo para curar a doença. Enquanto o tratamento alopático ataca os sintomas, a homeopatia vai estimulá-los para que o corpo se recupere”, explica.
Ela destaca que a homeopatia pode contribuir para o tratamento em todos os campos da Odontologia, já que trata o doente como um todo. O Departamento de Homeopatia da ABO-MG tem sido referência no tratamento de parestesia pós-cirúrgicas por exemplo, com o uso do medicamento Hypericum perforatum.
Os pacientes que buscam a homeopatia no consultório odontológico, segundo a especialista, geralmente já se tratam ou fizeram tratamento com médico homeopata. “São indivíduos que já ouviram falar e tem curiosidade em se tratar com homeopatia; pacientes hipersensíveis que tem contra indicações para alopatia (como por exemplo, alergia à penicilina); atletas que não podem usar alopatia por causa do exame antidoping; pessoas que procuram um tratamento com menos risco de efeitos colaterais, pacientes que não tiveram sucesso no tratamento tradicional; idosos, crianças e gestantes que são mais sensíveis aos remédios alopáticos”, explica.
Para dra. Luciana Breder, a homeopatia é uma área nova na Odontologia e o Brasil é um dos países onde ela se encontra bem desenvolvida.
Fonte: Correio ABO-MG Nº292