>Por: Alberto Consolaro
A Ortodontia estendeu seus benefícios a todas as classes da p00opulação, apesar da piora gradativa do quadro social que se observa nos últimos três anos. Do mesmo modo, necessidades ortodônticas são atendidas em todas as faixas etárias e para pacientes com estados sistêmicos alterados por doenças crônicas, mas com ritmo de vida normal, quando recebem cuidados especiais e medicamentação apropriada.
A AMPLIFICAÇÃO SOCIAL DA ORTODONTIA E SUAS IMPLICAÇÕES
Na prática da Ortodontia, por muitas décadas, atendia-se somente pessoas jovens e saudáveis. Havia poucos profissionais, e as técnicas e o conhecimento da época limitavam a abrangência da especialidade. Com o avanço científico e tecnológico, a formação e o treinamento do profissional ortodontista requer conhecimentos cada vez mais amplos quanto:
1. À avaliação das condições e doenças sistêmicas dos pacientes, com a consequente interação necessária com os médicos e demais especialistas da Odontologia e outras áreas da saúde. Hoje, convivem normalmente na população os diabéticos, pacientes oncológicos, com doenças autoimunes, anêmicos, etilistas, transplantados e com muitas outras situações que não impedem uma vida social normal.
2. Ao conhecimento mais profundo e amplo sobre a biologia e patologia óssea, visto que o palco de ação da Ortodontia é o osso. O dente, para se movimentar, usa todos os fenômenos da biologia óssea, assim como o profissional conta com ela quando pretende redesenhar ou reformatar o design ósseo para devolver a função e estética bucomaxilofacial ao paciente. O ortodontista deve estar capacitado a identificar e interpretar imagiologicamente as modificações induzidas por várias doenças e situações diferentes que envolvam a estrutura e a fisiologia óssea bucomaxilofacial.
3. À habilidade de avaliar clinicamente as condições bucais e dentárias nas primeiras consultas dos pacientes, para diagnosticar precocemente as alterações na mucosa bucal e demais tecidos moles da região bucomaxilofacial, aumentando a precisão de suas indicações para as demais especialidades.
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ORTODONTIA COMO CIÊNCIA E ARTE DE DIAGNOSTICAR
Nos últimos 15 anos, houve uma necessidade de ampliar o conhecimento e o campo de ação do ortodontista, aumentando ainda mais a sua responsabilidade social quanto à prevenção e ao diagnóstico de doenças que apenas “aparente-mente” fugiriam de sua área de atuação.
Em outras palavras, não se aceita mais argumentos como: o ortodontista não fez o diagnóstico em suas consultas periódicas por não se tratar de sua especialidade o diagnóstico e tratamento da lesão apresentada. O profissional completo tem que ter a capacitação de diagnosticar o que está diferente do normal na mucosa bucal e outros tecidos moles, nos teci-dos ósseos e dentários, bem como nas condições sistêmicas dos pacientes.
Diagnosticar requer conhecimento construí-do previamente. Em um centro de compras, por convenção social, apenas cumprimentamos quem conhecemos por contatos anteriores. Com o diagnóstico de estados alterados e doenças na boca, não é diferente, pois apenas “cumprimentamos quem a gente conhece” ou seja, “apenas diagnosticamos o que sabemos.”
Para o ortodontista suspeitar de lesões e/ou diagnosticá-las, ele precisa ser treinado para isso em seus períodos de formação e na sua constante atualização e aperfeiçoamento.
CÂNCER BUCAL E O ORTODONTISTA
A Ortodontia ampliou a sua ação para todas as faixas de idade dos pacientes; por outro lado, o câncer bucal, que era mais prevalente em pessoas acima dos 45-50 anos, afeta, atualmente, os adolescentes, jovens adultos e prevalece na faixa entre 30 e 50 anos.
O mês de maio, no calendário de várias instituições e associações da Odontologia, é reservado para chamar atenção dos profissionais e da população em geral para o câncer bucal. Em algumas dessas campanhas, denomina-se o mês como Maio Vermelho.
Essa mudança no perfil do paciente portador de câncer bucal se deu:
1º) Pelo uso intenso de alimentos industrializa-dos, com muitos produtos químicos, como conservantes, corantes, pesticidas e muitos outros não naturais, na maioria nem testados em laboratórios para serem utilizados.
2º) Pelos vícios e suas variáveis, como cigarros convencionais e eletrônicos, tabaco sem fumaça, narguilé, álcool e muitas outras situações que passaram a ter sua ação na mucosa bucal cada vez mais cedo, incluindo crianças. Pode–se afirmar que o câncer é resultado de um somatório de alterações genéticas produzidas ao longo da vida: quanto mais cedo esse processo se inicia, mais cedo pode-se atingir o estado de neoplasia maligna.
3º) Pela infecção generalizada da população pelo Papilomavirus Humano (HPV), com suas variáveis oncogênicas. São 200 subtipos, com alguns sendo oncogênicos, como os 6, 11, 16, 18, 31 e 45. Os efeitos da vacinação, se ela fosse generalizada, ainda demorariam algumas gerações. O HPV está relacionado com vários tipos de câncer, destacando-se os de boca e orofaringe, colo de útero e pênis.
4º) Pela exposição cada vez mais precoce da mucosa bucal aos efeitos de produtos químicos de higiene pessoal, cosméticos e outros com apelos estéticos. Esses produtos, em sua maio-ria, não são testados antes de serem colocados no mercado.
5º) Pelo estilo de vida adotado por quase todos nos tempos atuais; o estresse psicossomático representa um dos fatores que mais está associado ao elevado número de casos de câncer e doenças autoimunes. E, cada vez mais, esse estresse afeta as pessoas em idade mais jovens, incluindo-se as crianças!
ÂNCER BUCAL NÃO DEVERIA EXISTIR! POR QUÊ?
Artigos e palestras sobre o tema — voltados para os clínicos, profissionais da saúde e mesmo para a população leiga — geralmente mostram ca-sos clínicos sinistros e histórias macabras de pessoas que não tomam cuidado e o câncer evolui muito, clinicamente. Os ouvintes ficam com medo, mas o medo não conscientiza ninguém; o que conscientiza é o conhecimento.
Se o objetivo for induzir a prevenção ao câncer bucal, digamos com todas as letras para a população: ter câncer de boca é um absurdo, pois:
1º) Sabemos as suas causas e como ele aparece.
2º) A boca é acessível e as pessoas podem autoexaminála todos os dias.
3º) Pelo menos uma vez ao ano, as pessoas devem ir ao médico da boca, mais conhecido como cirurgião-dentista, para que a examine.
4º) O câncer na boca avisa antes que pode aparecer, com manchas brancas, vermelhas ou es-curas, chamadas de lesões cancerizáveis.
Mais de 95% dos cânceres bucais são carcinomas espinocelulares e têm origem no revestimento epitelial da mucosa. Apenas uma pequena porcentagem é de outros tipos, como o melanoma maligno, além dos originados de glândulas salivares, osso e tecidos odontogênicos
(…)
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