Uma pesquisa publicada pelo International Journal of Molecular Sciences, aponta que o cigarro eletrônico provoca mudanças moleculares, relacionadas ao câncer de boca. O estudo ocorre, justamente, quando o mercado de “e-cig” aumenta, assim como a crescente preocupação com a saúde pública.
O vaping – como é chamado o cigarro eletrônico –, segundo alguns estudos da mesma entidade, é quase duas vezes mais eficaz do que que outras terapias de reposição de nicotina, ajudando fumantes a pararem. A popularização do dispositivo entre adolescentes, todavia, leva ao vício em nicotina e propensão ao hábito do tabagismo.
“Os dados existentes mostram que o vapor do e-cig não é apenas ‘vapor de água’, como acreditam algumas pessoas. Embora a concentração da maioria dos compostos carcinogenicos, em produtos de e-cig, sejam muito menores do que as do fumo de cigarro, não há nível seguro de exposição a carcinógenos”, comentou Ahmad Besaratinia, professor associado da Keck School of Medicine da USC (Universidade do Sul da California) e principal autor do estudo.
Besaratinia enfatizou que as mudanças moleculares observadas no estudo não são reflexos de câncer, ou mesmo pré-câncer, mas, sim, um alerta precoce de um processo que poderá potencialmente levar à doença, caso não seja controlado. Os pesquisadores analisaram a expressão de células orais coletadas de 42 usuários de e-cig, 24 fumantes e de 27 pessoas que não fumavam nem usavam o e-cig.
Os investigadores concentraram-se nas células epiteliais orais, que revestem a boca, porque mais de 90% dos casos da doença relacionados ao fumo, originam-se no tecido epitelial, e o câncer oral está associado ao uso do tabaco.
Ambos, fumantes e “vapers”, mostraram expressão genética anormal, ou desregulação, em um grande número de genes ligados ao desenvolvimento do câncer. Cerca de 26% dos genes desregulados em usuários de e-cig eram idênticos aos encontrados nos fumantes. Alguns genes desregulados encontrados em usuários de e-cig, mas não em fumantes, estão, no entanto, implicados em câncer de pulmão, esófago, bexiga, ovário e leucemia.
Além de Besaratinia, os outros autores do estudo são: Stella Tommasi, Andrew Caliri, Amanda Cáceres, Debra Moreno, Meng Li, Yibu Chen e Kimberly Siegmund, todas da USC. A pesquisa foi apoiada por doações do Instituto Nacional de Pesquisa Dental e Craniofacial dos Institutos Nacionais de Saúde e do Programa de Pesquisa de Doenças Relacionadas ao Tabagismo da Universidade da Califórnia.
Fontes: EurekAlert! e Journal of Dentistry