“Nada é permanente, exceto a mudança” – Heráclito
Eu sou da geração X, meu pai é um baby boomer, e meu filho é da geração Z. O grupo que veio depois do meu é chamado de geração Y, ou Millennials.
Ficou claro?
Deixe-me explicar melhor!
Sou de uma geração que nasceu no fim dos anos 60, em plena efervescência política, social e cultural, mas que era muito jovem (na verdade, um bebê) para assimilar tudo isso. Quando nasci, a moda era ser hippie, e o Brasil estava iniciando a sua ditadura militar.
Embora tenham sido tempos estranhos, sou testemunha ocular de muitas mudanças mundiais, que vão desde o homem ir à Lua até a revolução digital, passando pela derrubada do muro de Berlim e pelo advento da Internet.
Quando vim ao mundo, não existiam computa-dores pessoais, mas já fiz o meu curso de pós-graduação usando um deles. No meio do percurso, surgiu a internet para uso geral.
Sendo assim, posso dizer que, embora não tenha sido criado em um meio altamente tecnológico, tive melhor sorte do que meu pai, um baby boomer que teve certa dificuldade para assimilar tamanhas mudanças.
A geração que veio após a minha é a geração Millennials (geração Y, geração internet, geração milênio), jovens nascidos no início dos anos 80 até o fim dos anos 90. Homens e mulheres que foram praticamente educados no mundo dos computadores e da internet.
E o que isso tem a ver com a revista?Tem a ver porque está na hora de um “quase” Millennial assumir o comando de uma das mais prestigiadas revistas de Ortodontia dos mundos físico e digital: a nossa querida RCODP. Está na hora do colega e amigo Marcio Almeida abraçar o seu posto, demonstrando todo o arrojo, o desejo por novidades e a intimidade com novas tecnologias, típicos dos melhores da sua geração. Está na hora do nosso caríssimo leitor entender como funciona a cabeça de alguém que nasceu no meio ortodôntico e traz toda uma bagagem que mescla evidências científicas com convívio em mídias sociais, transitando em diversos aparelhos eletrônicos, ortodônticos e em busca de novas tecnologias da nossa Ortodontia.
Para deixar bem claro a sua capacidade e disposição, ele mostra, na sua excelente entrevista, toda a inteligência, habilidade e competência para assumir esse posto de editor-chefe — que eu, agora, entrego com um misto de dever cumprido, satisfação e muita saudade, pois foram anos de muita dedicação e empenho. Mas é chegada a hora da mudança natural de lugares e gerações.
Ser editor de qualquer revista científica não é uma tarefa fácil, principalmente em se tratando de uma das mais queridas e prestigiadas do seu meio, como é o caso da RCODP. Durante três anos, assistimos a um desfile de capas e entrevistas com os mais variados e destacados profissionais da nossa especialidade, que tanto trouxeram orgulho a nós e à Ortodontia, além de pensamentos e opiniões regadas de muito conhecimento. Isso sem contar a “alma” da nossa revista, que é a apresentação de belíssimos artigos clínicos e científicos (com revisões por pares), que trazem, no seu ensejo, uma grandeza de informações. Em tudo isso ficou um pedaço da minha história, uma parte do meu coração.
Organizar e editar uma revista não é algo banal, e nada disso seria possível se não fosse a valiosíssima contribuição dos autores, articulistas, editores associados, revisores científicos, diretores administrativos, diretores editoriais, diretores de marketing, produtores editoriais e gráficos, bibliotecários, vendedores e muito mais gente de talento e relevância.
Não tenho como agradecer tanto carinho, gentileza e atenção. Citar nomes e dizer belas palavras seria muito pouco para tal. Talvez possa resumir a minha gratidão agradecendo à Dental Press, essa empresa que orgulha nossa profissão e o nosso país; e ao amigo que me fez o convite, Laurindo Furquim (o seu fundador). Ele e a sua “empresa brasileira” composta de pessoas de valor, que tanto nos fazem bem, serão sempre lembrados por mim e por toda a Ortodontia. Muitíssimo obrigado, Dental Press. Ainda bem que o amor que tenho pela RCODP não vai me deixar ficar longe por muito tempo.
Podem aguardar!
Viva a Ortodontia!
Editorial de Carlos Alexandre Câmara publicado originalmente na Revista Clínica de Ortodontia Dental Press | Volume 17 | Número 4