Belmiro C. E. Vasconcelos
Editor Chefe do JBCOMS, Professor Associado e Livre Docente da Universidade de Pernambuco, Coordenador do Doutorado e do Mestrado em Odontologia(Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial) da Universidade de Pernambuco
A comunidade acadêmica busca estudos que gerem evidência científica. Muitos não entendem e até discordam. O fato é que problemas surgem em nossas vidas e eles têm de ser resolvidos da melhor forma possível. Em saúde, problemas (doenças) merecem mais cuidados no diagnóstico e conduta. Os protocolos devem ser bem estabelecidos para gerar melhor eficácia. Assim, a tomada de decisões baseada em evidências científicas é uma realidade mundial. Não há como fugir desse rumo. Poderíamos definir evidência científica como um conjunto de indicadores utilizados para dar suporte à confirmação ou à negação de uma determinada teoria ou hipótese científica. A existência de uma evidência científica está atrelada a uma pesquisa realizada dentro de preceitos científicos (o método científico) — e essa pesquisa deve ser passível de replicabilidade por outros cientistas, em outros centros e/ou equipes. A busca sistemática por conhecimento sobre temas de importância para a humanidade é infinita e dinâmica. Mas como realizar estudos que gerem a melhor evidência científica? Quatro pontos-chave devem servir de orientação: 1) Identificar bem o problema, para justificar a pesquisa; 2) Aplicar princípios éticos; 3) Delinear a melhor forma metodológica de estudo; e 4) Disponibilizar os resultados, para contraprova da comunidade científica (reprodutibilidade).
1- Identificar bem o problema, para justificar a pesquisa. Nesse item, ler o que está disponibilizado na literatura mundial de qualidade pode levar os profissionais a identificarem lacunas de conhecimento, em maior ou menor Em outras situações, do “caso concreto” pode surgir uma ideia. A prática científica é uma forma de conduta humana orientada para a ampliação do universo dos fatos conhecidos. Abaixo, exemplificamos, de forma esquemática, a ideia.
2- Aplicar princípios éticos. Nesse sentido, três pontos são fundamentais: a) consentimento do sujeito; b) manutenção da privacidade das informações do sujeito; c) aprovação pelos pares e pela comunidade. Nesse último item, os pares avaliam a relevância da questão científica, a relação entre o benefício da informação que será obtida com a pesquisa e o risco do sujeito, e a qualidade científica da proposta para responder às questões levantadas. No Brasil, o registro de pesquisa com humanos inicia-se pelo registro da pesquisa na Plataforma Brasil.
3- Delinear a melhor forma metodológica de estudo. Esse item é um ponto-chave. Trata-se de utilizar o melhor tipo de estudo, estimativa de amostra (representatividade), cegamento, aleatoriedade, variáveis, evitar erros de aferição de dados, estabelecer bem os instrumentos de avaliação, aplicar testes estatísticos corretos e com nível de confiabilidade (alfa de, no mínimo, 0,05 e beta de, no mínimo, 0,8), e interpretar corretamente os dados — traduzir os números às questões indagadas, em linguagem de A seguir, apresentamos quadros para identificar e orientar a pirâmide de evidência e a força de recomendação. Sempre que possível, realizar o estudo no topo da pirâmide. Considerar o tema, o que já existe publicado sobre ele, etc. Quanto maior sua força de recomendação, o estudo tem, teoricamente, mais credibilidade. Seus resultados podem servir de protocolo orientativo para os profissionais até que novos conceitos e contrapontos surjam.
4- Disponibilizar os resultados para contraprova da comunidade científica. É fundamental que os novos conhecimentos sejam publicados (divulgados) para a comunidade nacional e/ou internacional. O objetivo, nessa fase, é divulgar a atualização do conhecimento, para que um maior número de usuários possa desfrutar dele. Ainda, o pesquisador tem a responsabilidade de garantir a Reprodutibilidade; assim, outros cientistas podem replicar e por à contraprova o novo achado. Não é, entretanto, objetivo desse editorial exaurir o Seria impossível, pois o tema é complexo e grandioso. No entanto, em todos os ramos da ciência procura-se solução para os mais variados problemas.
*Publicado originalmente no JBCOMS