Editorial publicado originalmente, pela Editora-Chefe Flávia Artese, na revista
Dental Press Journal of Orthodontics, v24,n1, em 2019
A forma como a internet modificou a comunicação humana é sem precedentes. Seus primórdios remontam ao início da década de 60 através de J. C. R. Licklider, do MIT, e sua descrição do conceito de Galactic Network. Paralelamente, a tecnologia para transferência de dados digitais foi sendo desenvolvida de forma independente por diferentes pesquisadores e, em setembro de 1969, o primeiro servidor foi conectado, na Universidade da Califórnia (UCLA), criando a ARPANET. Mais tarde, nos anos 90, na CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire) em Genebra, Tim Berners-Lee desenvolveu a World Wide Web, juntamente com um navegador (browser) que foi disponibilizado para o público em 1991. E, assim, o mundo definitiva-mente se conectou de maneira digital.
A internet é um mecanismo de disseminação de in-formação e um meio de colaboração e interação entre indivíduos, por meio de seus computadores, que independe de localização geográfica. Mais recentemente, o conceito de interação ficou evidente no termo promulgado por Tim O’Reilly, em 2004: Web 2.0. Esse termo descreve uma segunda geração de comunidades que incluem websites com conteúdo gerado pelo usuário ou, ainda, o que pode ser considerado uma comunidade digital participativa. Nessa nova categoria de interações, pode-mos incluir os sites e aplicativos de redes sociais, ou as mídias sociais.
O Dicionário Cambridge define as mídias sociais como uma tecnologia interativa mediada por computador, que permite a criação e divulgação de informações, ideias, interesses profissionais e outras expressões, através de comunidades ou redes virtuais. Mas o escopo da influência das mídias sociais parece ser mais amplo do que isso. Atualmente, até as escolhas para eleições presidenciais parecem ser influenciadas por esse meio de comunicação. De acordo com o Washington Post, 35% dos eleitores entre 18 e 29 anos afirmam que as mídias sociais são a fonte de informação mais útil para a campanha presidencial. Já os eleitores entre 30 e 49 anos classificaram em terceiro lugar as mídias sociais, perdendo para a TV a cabo e sites de jornais.
Em 1994, Schaffner descreveu que os periódicos científicos têm os seguintes objetivos na comunidade acadêmica: (1) construir uma base de conhecimento, (2) comunicar informações, (3) validar a qualidade da pesquisa, (4) distribuir prêmios e (5) construir comunidades científicas. Com tais propósitos em mente, nada mais natural do que o tradicional mundo científico ter sido afetado por essas inovações, seja na velocidade em que está se avaliando a ciência, seja na sua distribuição e divulgação. As longas e fatigantes buscas nos antigos Index Medicus, na era pré-internet, foram trocadas por rápidos segundos no PubMed. E o claro desejo de que as informações publicadas nos periódicos alcançassem o público com mais rapidez fez com que as mais importantes revistas do mundo, tais como a Nature e a Science, ingressassem nas mídias sociais.
Essa nova tecnologia permitiu que as revistas não apenas aprimorassem sua forma de comunicação, como também criassem comunidades científicas. As opiniões de outros pesquisadores se tornam passíveis de ser lidas quase instantaneamente, abrindo espaço para debates e reflexões. Novos tipos de material para divulgação nas páginas das mídias sociais foram sendo criados, como visual abstracts, video abstracts, video reviews e podcasts. E, como consequência, uma nova classe de medidas de impacto foi criada, a web-based metrics, onde se avalia a quantidade de menções (curtidas, compartilhamentos, visualizações, comentários, tweets, postagens, etc.) sobre um conteúdo científico co-locado nas mídias sociais.
Acredita-se que essa possa ser uma forma de ampliar a divulgação e o alcance de publicações. No entanto, em um estudo recente, foi avaliada a visibilidade de artigos ortodônticos publicados em plataformas da web, e não se observou efeito significativo sobre o número de citações a essas publicações. Apesar desses resultados, os autores sugerem que as revistas ortodônticas devam se ajustar a essa nova era, para se tornarem mais ativas na promulgação de artigos de interesse do público5, inclusive do público leigo. E é nessa nova fronteira que o Dental Press Journal of Orthodontics se lançou em janeiro deste ano. Criamos nossas páginas no Instagram e no Facebook, sob o título Journal of Orthodontics. Convidamos nossos leitores, editores, revisores e todos aqueles que convivem com nossa revista que participem ativamente de nossas mídias sociais. Essa será mais uma forma de dividirmos com vocês o que produzimos.
Contamos com sua curtida!
Flávia Artese