Editorial publicado originalmente na Revista Estética • volume 16 • número 3 • 2019
Eu costumo chamar as pessoas (professores) que alarmam as outras a respeito de tudo de “anunciantes do caos”. Você as conhece, pois sempre estão a dizer: “O fim está próximo!”, “O caos é iminente!”, “A Odontologia já mudou e, se você não a acompanha, está fora!”. Algo nessa linha…
Escrevi sobre esse tópico há alguns dias no Instagram e disse que a tecnologia deve vir benevolente, e ela vem. Ela vem com aplicações interessantes, que fazem você se interessar pelas facilidades e vantagens, e acontece naturalmente. Citei no texto a questão do aparelho celular. No início, era somente para fazer ligações, como os Motorola antigos (enormes, por sinal). Em 1993, a Nokia lançou um celular “capaz de enviar mensagens para outro celular”. Hoje, até nossos avós usam WhatsApp, compram produtos pela internet via apps, etc. Isso foi ocorrendo naturalmente porque vimos os benefícios, não porque alguém quis empurrar a tecnologia. Lembre-se, a tecnologia não pode ser forçada ou “empurrada” goela abaixo. Ela tem que ser quista pela pessoa.
Empresas e professores, todos envolvidos no comércio da Odontologia (me incluo aqui, obviamente), perdem a linha, às vezes, na ânsia de empurrar o “fluxo digital” para dentro da cabeça de odontólogos bastante vulneráveis, em especial os que têm passado por dificuldades financeiras. Eis que esses veem o ato de comprar um scanner/fresadora como uma solução para sair dessa situação, e caem num ciclo que lembra os “juros sobre juros” do cartão de crédito ou cheque especial. Obviamente, lembro sempre do meu pai quando penso em um odontólogo generalista comum do dia a dia. Uma referência emocional.
“Ah, o Hirata é contra a tecnologia”. Pelo contrário: ela me encanta e me apaixona. Muito porque me faz ter tempo para outras coisas e me facilita milhares de coisas. Mas não comecei a usar o aplicativo de banco online porque alguém me forçou, anunciando que “Os aplicativos de banco irão mudar o futuro”.
Temos, em todos os períodos, o chamado “discurso do caos”. Pessoas avisando sobre a tempestade que está vindo, para poderem vender guarda-chuvas. Desonesto? Não acredito. Mas depende se você está comprando o guarda-chuvas porque quer ou porque o anúncio diz “Tempestade à frente”.
Grande abraço.
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Estética • volume 16 • número 3 • 2019