A adição de outras técnicas radiográficas, como interproximal vertical e oclusal, pode alterar o julgamento sobre a posição final dos mini-implantes ortodônticos. Foi o que concluiu um estudo realizado na Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP-USP), publicado na edição v23n2 da Dental Press Journal of Orthodontics (DPJO).
O posicionamento correto dos mini-implantes é um dos fatores mais importantes associados à sua taxa de sucesso, e vários métodos têm sido utilizados para avaliar a posição desses dispositivos. A radiografia periapical é a modalidade de imagem mais utilizada para a avaliação após implantação, apesar das suas limitações e da carência de estudos para apoiar essa recomendação.
O estudo teve como objetivo avaliar se radiografias adicionais alteram o julgamento inicial — baseado somente na periapical — sobre a posição do mini-implante. A hipótese nula testada foi que não há nenhuma diferença entre a avaliação da posição do dispositivo usando apenas periapical, ou com adição de outras radiografias. Uma análise objetiva comparando distâncias na periapical e interproximal vertical também foi realizada, para suportar ou não os resultados da avaliação subjetiva.
Imagens radiográficas de 26 regiões contendo mini-implantes foram divididas em quatro grupos. Na análise subjetiva, cinco observadores foram convidados a avaliar se a posição do dispositivo era favorável para o seu sucesso, utilizando questionários com uma escala de quatro pontos para respostas.
Cada grupo contendo conjuntos de imagens foi apresentado aos observadores em quatro sessões diferentes. Adicionalmente, uma avaliação objetiva comparou as distâncias horizontais entre a ponta do mini-implante e a raiz dentária mais próxima ao dispositivo na periapical e interproximal vertical.
O texto mostra que a maioria dos observadores mudou seu julgamento inicial sobre a posição do mini-implante baseado na periapical, quando radiografias adicionais foram analisadas. As diferenças entre os grupos foram estatisticamente significativas para esses observadores. Para aqueles que mudaram seu julgamento sobre a posição do mini-implante, o nível de confiança das respostas aumentou, diminuiu ou foi mantido, não indicando um padrão. Houve diferença estatisticamente significante entre as distâncias da ponta do mini-implante para a raiz mais próxima ao dispositivo na periapical e interproximal vertical.
Considerando-se as limitações do estudo, e rejeitando a hipótese nula, os pesquisadores concluíram que imagens radiográficas adicionais podem alterar o julgamento sobre a posição final do mini-implante sem, necessariamente, aumentar o grau de certeza do julgamento.
Outras opções
Imagens tridimensionais, tais como tomografias computadorizadas de feixe cônico, podem permitir uma observação mais precisa da relação entre o dispositivo e a raiz dentária, quando necessário. No entanto, embora a TCFC pareça ser o método mais indicado para essa avaliação, o custo e a dose de radiação maiores são, ainda, desvantagens que impedem seu uso rotineiro.
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A radiografia interproximal vertical tem sido usada como imagem pré-operatória para garantir um mapeamento preciso dos locais para inserção de mini-implante e, também, como método de avaliação alternativa após a sua colocação, apresentando menos distorção do que a periapical e evitando a projeção da imagem da raiz no osso inter-radicular.
Por outro lado, a radiografia oclusal mostra uma perspectiva totalmente diferente do mini-implante e das estruturas adjacentes. Imagens radiográficas adicionais podem auxiliar o clínico; no entanto, em algumas circunstâncias, também poderiam confundi-lo, gerando mudanças de opiniões sem, necessariamente, aumentar o nível de confiança dos julgamentos.