É difícil de entender o PNL (Plano Nacional de Imunização) da Covid-19 proposto pelo governo federal e que é executado pelos Estados e Municípios. Cada cidade tem um número específico de idosos e profissionais da saúde e recebem – ou receberam – as doses, de acordo com um registro histórico, que há no Ministério da Saúde, do perfil etário de cada município e trabalhadores ativos na saúde.
Em algumas cidades, profissionais recém-formados – ou ainda na graduação -, já receberam a vacina, enquanto em outras, profissionais com mais experiência ainda não foram imunizados. As distorções podem acontecer por diversos fatores – a não atualização dos registros da Saúde, aumento no número de profissionais devido a pandemia, entre outros.
Em Maringá (PR), por exemplo, a disparidade dos números chamou a atenção, não somente dos profissionais da saúde, mas também da Câmara dos Vereadores, Secretaria Municipal de Saúde e até da Secretaria de Estado da Saúde. Acontece que o município estima ter 17 mil trabalhadores da saúde. O Ministério da Saúde, entretanto, enviou o suficiente para imunizar pouco mais de 15 mil trabalhadores.
“Quando o Ministério da Saúde estabelece esses números, faz isso a partir de dados de anos anteriores. Acontece que no último relatório, da 13ª Pauta de Distribuição, o ministério alega que na última remessa enviada para Maringá, foram completados 100% dos trabalhadores de saúde. A vacinação, aqui, parou em 41 anos! Abaixo disso nenhum profissional de saúde foi vacinado. E eles estão em situação de risco”, destacou o vereador Sidnei Teles (Avante).
De fato, as pautas de distribuição já causam estranheza há algum tempo em diversos setores da administração municipal. Já nas 11ª e 12ª pautas de distribuição era possível verificar que o número apresentado pela união – cerca de 97% de vacinados, nos dois casos -não se conferia na realidade. No dia 15 de abril, portanto, o município junto a 15ª Regional de Saúde e Secretaria de Estado da Saúde, solicitaram mais doses para o Ministério da Saúde.
“Respeitando o escalonamento da vacinação, os trabalhadores da saúde estão sendo vacinados de acordo com a atuação na linha de frente da Covid-19 e pela idade. Pelo CNES [Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde] do Ministério da Saúde, faltam apenas 3% de profissionais da saúde para serem vacinados. Assim, o Ministério deve enviar cerca de 450 doses para este público. Ou seja, vai faltar vacina para os profissionais de saúde ainda não imunizados”, disse a prefeitura de Maringá.
Solução
Além do déficit no número total de profissionais da saúde, houve ainda a inclusão de estudantes de medicina para esta fase de vacinação. Maringá tem três cursos de medicina, o que geraria mais uma alta demanda. O número de doses, entretanto, não foi reajustado.
Desta forma, o diretor da 15ª Regional de Saúde, Ederlei Alkamim, solicitou novos repasses das vacinas para a macrorregião de Maringá. Somente o município fez a solicitação de um incremento de 9 mil doses (necessárias para vacinar 4,5 mil profissionais). Além das doses, na próxima segunda-feira, a cidade deve lançar a ação conta-gotas.
“Nós conversamos com o secretário de Saúde de Maringá e optamos em promover essa estratégia. Um exemplo: em um vidro há 10 doses, ao fim do expediente de vacinação, sobraram três. Dentro do plano de grupos prioritários dos profissionais da saúde, iremos aplicar essas doses remanescentes para agilizar o processo. Desta forma, conseguiremos vacinar alguns dos profissionais que faltaram. Não vai resolver o problema, mas aquele médico, enfermeiro ou dentista que está em contato direto com o paciente no atendimento, receberá dose. Para se ter ideia, em Maringá, ainda restam ao menos 500 dentistas para serem vacinados”, explicou Alkamim.
Como o ministério utiliza os dados da campanha da Influenza, houve distorções significativas no número, já que o perfil de vacinação é diferente, conforme explicou o diretor da 15ª Regional de Saúde do Paraná. Além disso, muitos profissionais migraram de cidades menores da região para atender em Maringá.
“Isso aconteceu em todas as cidades de médio e grande porte. Em Curitiba, por exemplo, faltam 20 mil vacinas para esse público. Houver uma reclamação geral dessa situação dos profissionais de saúde. O Ministério pediu um levantamento para os Estados, para que fosse justificado esse levantamento de novas doses”, ressaltou Alkamin.
O levantamento geral das Secretarias Municipais de Saúde do Paraná, deve ser concluído nesta sexta-feira (23). Os números serão repassados para a Secretaria de Estado da Saúde, que fará nova análise dos números e, em seguida, cobrar uma atualização das doses para o Governo Federal.