Entrevista publicada originalmente na Revista Estétivca v16n3.
Coordenador de Entrevista: Marcelo Giannini
Fragmento da publicação*
ULRICH LOHBAUER é supervisor do Laboratório de Pesquisa em Biomateriais Dentários da Clínica Odontológica 1 (Dentística Operatória e Periodontia) da Universidade de Erlangen-Nuremberg (Erlangen, Alemanha). Os interesses do Laboratório estão voltados para o desempenho mecânico dos materiais odontológicos, como as cerâmicas multicamadas, polímeros nanoparticulados ou cimentos biocompatíveis e autoadesivos. O estudo, em nível nanométrico, da área de união adesivo-tecido dental humano desempenha um papel importante na avaliação microestrutural da união dente-restauração. Um foco adicional é voltado às técnicas modernas de confecção de próteses, como a tecnologia CAD/CAM, e seu efeito na estabilidade em longo prazo e na vida útil das restaurações. O Laboratório tem sido reconhecido como um centro internacional para estudos em fracto- grafia clínica. Com base em resultados fractográficos abrangentes, o design da restauração e as razões das falhas clínicas são considerados, de forma crítica, como objetos de pesquisa. A motivação da pesquisa é sempre apoiada e impulsionada por um forte histórico clínico e focada em necessidades odontológicas específicas.
Marcelo Giannini – coordenador da entrevista
ULRICH LOHBAUER
- Professor Associado do Instituto de Biomateriais do Departamento de Ciência e Engenharia de Materiais da Universidade de Erlangen-Nuremberg (Erlangen, Alemanha).
- Vice-Presidente e Membro
do Conselho da Academia de Materiais Dentários (San Diego/ CA, EUA). - Fundador e Presidente do “Fracto Forum International”.
- Pesquisador Visitante na Universidade de Atenas (Atenas, Grécia).
- Pesquisador Visitante no Imperial College (Londres, Reino Unido).
- Graduação, Mestrado e Doutorado na Universidade de Erlangen-Nuremberg (Erlangen, Alemanha)
Qual é a importância da fractografia para cientistas e clínicos? (Paulo Cesar)
A fractografia é uma ferramenta importante (se não a única), fazendo a ligação entre a ciência de labo- ratório e a realidade clínica. Por isso, é de grande importância para a pesquisa em materiais dentários. O cientista pode aprender como desenvolver testes clínicos relevantes, enquanto os clínicos podem aprender como prevenir falhas e como melhorar seus procedimentos clínicos.
Qual é o estágio atual do uso de zircônia para implantes dentários? (Paulo Cesar)
Os implantes de zircônia são usados na área como uma alternativa aos implantes de titânio. Uma questão ainda preocupante são os implantes muito finos, pois esses podem ser muito frágeis, mesmo na região anterior. Além disso, soluções que fazem uso de implantes de duas peças ainda são uma questão controversa. Ainda não se tem uma validação clínica sólida e em longo prazo para os implantes de zircônia.
Você pode comentar sobre a tendência atual dos clínicos escolherem restaurações de cerâmica monolíticas em vez de restaurações multicamadas? (Paulo Cesar)
Os clínicos provavelmente têm medo da alta inci- dência de lascamento da cerâmica de cobertura nas restaurações protéticas multicamadas e, assim, tendem a usar materiais monolíticos. Existe uma tendência para as cerâmicas de zircônia de alta resistência e dureza, enquanto outra tendência oposta se volta para compósitos mais resilientes de CAD/CAM, especialmente em pacientes com hábitos parafuncionais.
Qual é o atual estado da arte da zircônia translúcida? (Paulo Cesar)
A zircônia esbranquiçada e opaca mostrou estabi- lidade clínica em termos de resistência, tenacidade e dureza. No entanto, seu desempenho estético está muito aquém dos modernos materiais de cerâmica vítrea. Para superar essa deficiência, os fabricantes desenvolveram a zircônia translúcida. O problema que vejo é que a zircônia está perdendo muito da sua estabilidade mecânica por causa do foco na estética. Os clínicos precisam ter consciência do desempenho mecânico reduzido desses novos mate- riais de zircônia e, como consequência, precisam estar cientes de suas limitações clínicas.
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